terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Patologia: Umidades em paredes de edifícios


O estudo da transferência de umidade no interior dos materiais e elementos de construção reveste-se da maior importância para a caracterização do seu comportamento, nomeadamente no que se refere à durabilidade, à estanqueidade, à degradação do aspecto e ao desempenho térmico.
O problema da umidade nos edifícios tem suscitado desde sempre um grande interesse. Contudo, a explicação científica para as diversas formas de manifestação a que está associada tem sido, muitas vezes, difícil dada a complexidade do fenômeno.
Atualmente, a umidade constitui uma das causas primordiais das patologias observadas na envolvente exterior dos edifícios, pelo que é da maior importância o desenvolvimento de estudos que visem definir regras qualitativas e quantitativas para a concepção das paredes dos edifícios face à umidade.
A análise experimental e a modelização completa do movimento da água no interior das paredes apresenta enormes dificuldades que se prendem com:
- A complexidade crescente da composição das paredes. No passado eram espessas e de constituição homogênea. Presentemente, são realizadas por múltiplas camadas (com características completamente diversas), sendo muitas dessas camadas não homogêneas;
- A solicitação climática interior e exterior variável no tempo e dependente de um elevado número de parâmetros;
- A difícil teorização do fenômeno físico
- A determinação experimental do teor de umidade, por métodos não destrutivos, que exige equipamento sofisticado com limitações de utilização e de precisão dos resultados.
Os mecanismos que regem o transporte da umidade numa parede são complexos:
- Na fase vapor, a difusão e os movimentos convectivos no interior dos poros condicionam o transporte;
- Na fase líquida, a capilaridade, a gravidade e o efeito dos gradientes de pressão externas comandam a transferência de umidade.
No entanto, o transporte em fase líquida e em fase vapor ocorre em simultâneo e as condições de temperatura, umidade relativa, precipitação, radiação solar e pressão do vento das ambiências, que definem as condições fronteira no interior e exterior – são muito variáveis ao longo do tempo.
Do ponto de vista físico, há três mecanismos fundamentais de fixação de umidade: absorção, condensação e capilaridade. Estes três mecanismos permitem explicar, na generalidade dos casos, a variação do teor de umidade no interior dos materiais de construção com estrutura porosa.
Os materiais correntemente usados em Engenharia Civil são higroscópicos, isto é, quando são colocados numa ambiência em que a umidade relativa varia, o seu teor de umidade também varia. A umidade relativa define-se como sendo o quociente entre a pressão de vapor existente e a pressão de saturação para uma dada temperatura.
Numa primeira fase ocorre a fixação de uma camada de moléculas de água na superfície interior do poro (absorção monomolecular) a que se segue, numa segunda fase, a deposição de várias camadas de moléculas (absorção plurimolecular).
Os materiais de construção podem apresentar vários graus de higroscopicidade:
- Higroscópicos – quando a quantidade de água fixada por absorção é relativamente importante; por exemplo, o betão celular e o gesso;
- Não higroscópicos – quando a sua massa é praticamente constante qualquer que seja a umidade relativa da ambiência onde se encontrem, por exemplo, o barro vermelho.






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