O estudo da transferência de umidade no interior dos
materiais e elementos de construção reveste-se da maior importância para a
caracterização do seu comportamento, nomeadamente no que se refere à
durabilidade, à estanqueidade, à degradação do aspecto e ao desempenho térmico.
O problema da umidade nos edifícios tem suscitado desde
sempre um grande interesse. Contudo, a explicação científica para as diversas
formas de manifestação a que está associada tem sido, muitas vezes, difícil
dada a complexidade do fenômeno.
Atualmente, a umidade constitui uma das causas primordiais
das patologias observadas na envolvente exterior dos edifícios, pelo que é da
maior importância o desenvolvimento de estudos que visem definir regras
qualitativas e quantitativas para a concepção das paredes dos edifícios face à umidade.
A análise experimental e a modelização completa do movimento
da água no interior das paredes apresenta enormes dificuldades que se prendem
com:
- A complexidade crescente da composição das paredes. No
passado eram espessas e de constituição homogênea. Presentemente, são
realizadas por múltiplas camadas (com características completamente diversas),
sendo muitas dessas camadas não homogêneas;
- A solicitação climática interior e exterior variável no
tempo e dependente de um elevado número de parâmetros;
- A difícil teorização do fenômeno físico
- A determinação experimental do teor de umidade, por
métodos não destrutivos, que exige equipamento sofisticado com limitações de
utilização e de precisão dos resultados.
Os mecanismos que regem o transporte da umidade numa parede
são complexos:
- Na fase vapor, a difusão e os movimentos convectivos no
interior dos poros condicionam o transporte;
- Na fase líquida, a capilaridade, a gravidade e o efeito
dos gradientes de pressão externas comandam a transferência de umidade.
No entanto, o transporte em fase líquida e em fase vapor
ocorre em simultâneo e as condições de temperatura, umidade relativa,
precipitação, radiação solar e pressão do vento das ambiências, que definem as
condições fronteira no interior e exterior – são muito variáveis ao longo do tempo.
Do ponto de vista físico, há três mecanismos fundamentais de
fixação de umidade: absorção, condensação e capilaridade. Estes três mecanismos
permitem explicar, na generalidade dos casos, a variação do teor de umidade no
interior dos materiais de construção com estrutura porosa.
Os materiais correntemente usados em Engenharia Civil são
higroscópicos, isto é, quando são colocados numa ambiência em que a umidade
relativa varia, o seu teor de umidade também varia. A umidade relativa
define-se como sendo o quociente entre a pressão de vapor existente e a pressão
de saturação para uma dada temperatura.
Numa primeira fase ocorre a fixação de uma camada de
moléculas de água na superfície interior do poro (absorção monomolecular) a que
se segue, numa segunda fase, a deposição de várias camadas de moléculas
(absorção plurimolecular).
Os materiais de construção podem apresentar vários graus de
higroscopicidade:
- Higroscópicos – quando a quantidade de água fixada por
absorção é relativamente importante; por exemplo, o betão celular e o gesso;
- Não higroscópicos – quando a sua massa é praticamente
constante qualquer que seja a umidade relativa da ambiência onde se encontrem,
por exemplo, o barro vermelho.
Fonte: Engenharia Civil
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