A reciclagem na construção civil pode gerar inúmeros benefícios
citados abaixo:
- Redução no consumo de recursos naturais não-renováveis, quando substituídos por resíduos reciclados.
- Redução de áreas necessárias para aterro, pela minimização de volume de resíduos pela reciclagem. Destaca-se aqui a necessidade da própria reciclagem dos resíduos de construção e demolição, que representam mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos.
- Redução do consumo de energia durante o processo de produção. Destaca-se a indústria do cimento, que usa resíduos de bom poder calorífico para a obtenção de sua matéria-prima (coincineração) ou utilizando a escória de altoforno, resíduo com composição semelhante ao cimento.
- Redução da poluição; por exemplo para a indústria de cimento, que reduz a emissão de gás carbônico utilizando escória de alto forno em substituição ao cimento portland.
A reciclagem de resíduos, assim como qualquer atividade
humana, também pode causar impactos ao meio ambiente. Variáveis como o tipo de
resíduo, a tecnologia empregada, e a utilização proposta para o material
reciclado, podem tornar o processo de reciclagem ainda mais impactante do que o
próprio resíduo o era antes de ser reciclado. A quantidade de materiais e
energia necessários ao processo de reciclagem pode representar um grande
impacto para o meio ambiente. Todo processo de reciclagem necessita de energia
para transformar o produto ou tratá-lo de forma a torná-lo apropriado a
ingressar novamente na cadeia produtiva. São necessárias também matérias-primas
para modificá-lo física e/ou quimicamente.
Como qualquer outra atividade, a reciclagem também pode
gerar resíduos, cuja quantidade e características também vão depender do tipo
de reciclagem escolhida. Esses novos resíduos, nem sempre são tão ou mais
simples que aqueles que foram reciclados.
A reciclagem de resíduos no Brasil como materiais de construção é ainda tímida,
com a possível exceção da intensa reciclagem praticada pelas indústrias de
cimento e de aço. A maior experiência brasileira na área de reciclagem de produtos gerados por
outras indústrias na produção de materiais de construção civil é a conduzida
pela indústria cimenteira, que recicla principalmente escórias de alto forno
básica e cinzas volantes.Atualmente, a indústria cimenteira inicia no Brasil a
prática de coprocessamento, definido como calcinação de resíduos em fornos de
cimento, reduzindo o consumo de energia e diminuindo o volume de resíduos em
aterros.
A reciclagem de RCD (Resíduo de construção e demolição) como
material de construção civil, iniciada na Europa após a Segunda Guerra Mundial,
encontra-se no Brasil muito atrasada, apesar da escassez de agregados e área de
aterros nas grandes regiões metropolitanas, especialmente se comparada com países
europeus, onde a fração reciclada pode atingir cerca de 90% recentemente, como
é o caso da Holanda, que já discute a certificação do produto.
A reciclagem de pavimento asfáltico, introduzida no mercado
paulistano no início da década de 90 é hoje uma realidade nas grandes cidades
brasileiras, viabilizando a reciclagem tanto do asfalto quanto dos agregados do
concreto asfáltico. Um dos problemas mais graves nos RCD é variabilidade de
composição e consequentemente, de outras propriedades desses agregados
reciclados.
A recente introdução maciça de gesso na forma de
revestimentos ou placas no Brasil pode ser um complicador para a reciclagem dos
RCD, caso processos de controle não sejam instalados em Centrais de Reciclagem.
A solução para alguns contaminantes presentes nos RCD
(plásticos e madeiras) pode ser o emprego de tanques de depuração por flotação
e separadores magnéticos; mas, em alguns casos, a retirada das fases
contaminantes pode ser algo bem mais complexo, como compostos orgânicos
voláteis e hidrocarbonetos.
A produção anual de escórias de alto forno no Brasil em 1996
foi de 6,4 milhões de toneladas, sendo que 0,7milhões são resfriadas
lentamentee o restante gera material granulado, sendo, portanto adequada à
reciclagem como aglomerantes. Uma grande parte da escória granulada é consumida
pela indústria cimenteira. No entanto, uma parte considerável, mesmo a de
composição alcalina, permanece acumulada em aterros.
O mercado brasileiro ainda não dispõe de escória moída para
mistura em betoneira e nem de agregados leves de escória. A produção de
agregados leves é feita através da peletização da escória, em um processo onde
fluxo de escória líquida é interceptado por uma roda dentada rotatória,
resfriada com pequena quantidade de água, e projetada em na forma de grãos de
tamanho variável. Os grãos menores são predominantemente vítreos e podem ser
utilizados na produção de cimento e os grãos maiores constituem-se em agregados
leves.
Os efeitos ambientais deste tipo de cimento são
substancialmente menores do que os gerados pelo cimento comum,
significativamente perceptíveis quando se avalia o ciclo de vida deste novo
cimento. Notadamente, as emissões ao meio ambiente e o consumo de
matérias-primas são reduzidos.
O setor siderúrgico é também um grande reciclador. Boa parte
do aço destinado a reforço de concreto armado produzido no país é proveniente
do processo de arco elétrico, que utiliza como matéria prima quase que exclusivamente
sucata.
O setor termoelétrico e outras indústrias que queimam carvão
em caldeiras de leito fluidizado geram cerca de 1,4 M ton de cinzas volantes
todos os anos e cerca de 0,36 Mton de cinzas de grelha, mas este valor deve
crescer no futuro próximo. As cinzas volantes são comercializadas especialmente
para a indústria de cimento, embora existam várias pesquisas para a produção de
cal hidráulica e cimentos .
As cinzas de grelha não encontram aplicação no mercado
brasileiro. Nos mercados inglês e norte-americano existem inclusive associações
setoriais voltada a promoção e aperfeiçoamento do mercado de produto, tendo
sido criada recentemente a Worldwide Coal Ash Council. O mercado da cinza
volante como adição mineral em concretos de cimento. Embora esta prática traga
vários benefícios ao concreto, como o aumento da durabilidade, a redução da
fissuração térmica, o aumento da resistência, entre outros, o seu emprego ainda
é tímido em alguns países. Enquanto na Europa a adição ao concreto alcance os
40%, no Brasil e nos EUA esse percentual não ultrapassa os 20%.
É
fundamental um estudo das características físico-químicas e as propriedades dos
resíduos, através de ensaios e métodos apropriados. Tais informações darão
subsídio para a seleção das possíveis aplicações dos resíduos.
Os custos despendidos com os resíduos, como os de licenças
ambientais, deposição de resíduos, transportes, as multas ambientais, entre
outros devem ser considerados para a futura avaliação da viabilidade econômica
da reciclagem. Da mesma forma, o faturamento obtido quando o produto é
comercializado deve ser apropriado separadamente, assim como a proporção real
entre o comercializado e o estocado.
A
reciclagem ocorre apenas se o novo material entrar em escala comercial. Assim,
a transferência da tecnologia é uma etapa essencial do processo. Para ela o
preço do produto é importante, mas não é suficiente.
Fonte: Metálica.com
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