Um estudo conduzido na Unicamp apontou a viabilidade de
reciclar o resíduo do gesso proveniente da construção civil. A pesquisa,
desenvolvida pela engenheira civil Sayonara Maria de Moraes Pinheiro, atestou a
possibilidade de recuperar o material, mantendo as mesmas propriedades físicas
e mecânicas do gesso comercial.
O crescimento da construção civil no país na última década
tem acentuado o descarte inadequado do resíduo no ambiente, que pode contaminar
o solo e o lençol freático.
O modelo experimental para a reciclagem do resíduo envolve
duas fases, moagem e calcinação. Após estas etapas foram avaliadas as
propriedades físicas e mecânicas do material reciclado. Os ciclos de reciclagem
provam, segundo a engenheira, que o gesso da construção civil pode ser
totalmente sustentável.
Seus usos mais comuns incluem o revestimento de tetos e
paredes, a confecção de componentes pré-moldados como forros e divisórias e
como elemento decorativo, devido às suas propriedades de lisura, endurecimento
rápido e relativa leveza.
A matéria-prima para a fabricação do gesso é o minério
chamado gipsita, cujas maiores jazidas estão localizadas no polo gesseiro de
Araripe, no sertão de Pernambuco - o polo é responsável por 95% da produção
nacional.
A deposição inadequada do resíduo de gesso pode contaminar o
solo e o lençol freático, devido às características físicas e químicas do
material, que, em contato com o ambiente, pode se tornar tóxico. "O
resíduo do gesso é constituído de sulfato de cálcio di-hidratado. A facilidade
de solubilização promove a sulfurização do solo e a contaminação do lençol
freático", explica Sayonara.
Do mesmo modo, a deposição do resíduo em aterros sanitários
comuns não é recomendada. Neste caso, além de tóxico, a dissolução dos
componentes do gesso pode torná-lo inflamável, explica a pesquisadora. "O
ambiente úmido, associado às condições aeróbicas e à presença de bactérias
redutoras de sulfato, permite a dissociação dos componentes do resíduo em
dióxido de carbono, água e gás sulfídrico, que possui odor característico de
ovo podre. A incineração do gesso também pode produzir o dióxido de enxofre, um
gás tóxico. As possibilidades de minimizar o impacto ambiental, portanto, são a
redução da geração do resíduo, a reutilização e a reciclagem", aconselha.
Fonte: Inovação Tecnológica
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