O impacto sobre o meio ambiente, e o custo das novas
construções, seriam muito menores se fosse possível reciclar concreto.
Para se ter uma ideia do impacto das emissões de CO2 geradas
pela produção de cimento, basta ver que a produção de uma tonelada de cimento
libera de 650 a 700 quilogramas de dióxido de carbono. Isto significa que de 8
a 15 por cento da emissão anual global de CO2 é devida unicamente à fabricação
de concreto.
E, até hoje, não existe uma solução ideal para a reciclagem
do concreto descartado.
O que existe hoje é o chamado downcycling, com a
reutilização de uma parte do material em aplicações menos nobres, cuja qualidade
deteriora a cada reutilização.
Não satisfeito com a situação, o Dr. Volker Thome, do
Instituto de Física das Construções, em Holzkirchen, na Alemanha, foi buscar
inspiração em uma técnica explosiva criada por pesquisadores russos nos anos
1940. Ele queria eliminar o maior problema de todas as tentativas feitas até
agora de reciclar o concreto e o cimento: a enorme quantidade de poeira gerada
na moagem do material. Para alcançar esses objetivos, Thome reviveu um método
desenvolvido por cientistas russos na década de 1940, mas que depois foi
abandonado: a fragmentação eletrodinâmica.
O método de "desmontagem" do concreto consiste em
uma autêntica tempestade de raios, rompendo o concreto com descargas elétricas.
Mais de 70 anos atrás, cientistas russos descobriram que a força dielétrica,
isto é, a resistência de um fluido ou sólido a um impulso elétrico, não é uma
constante física, mas varia com a duração do raio. Isto significa que, se o
concreto estiver imerso em água e for atingido por uma descarga de 150
nanossegundos, o raio vai correr através do sólido, e não através da água.
No concreto, o raio corre ao longo do caminho de menor
resistência, a fronteira entre os componentes que o formam, ou seja, entre o
cascalho e o cimento. O primeiro impulso
enfraquece mecanicamente o material. Em seguida, forma-se um canal de plasma no
concreto que cresce durante alguns milésimos de segundo, produzindo uma onda de
pressão de dentro para fora. O concreto é dilacerado e dividido em seus
componentes básicos, estando todos prontos para reúso. No experimento em escala
de laboratório, os pesquisadores já conseguem processar uma tonelada de
resíduos de concreto por hora.
Fonte: Inovação Tecnológica
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